sábado, 22 de novembro de 2008

Desdobramentos e Dependências da Cultura da Soja


No Brasil, a soja chegou com os primeiros imigrantes japoneses em 1908 e sua expansão ocorreu durante os anos 70, com o crescente interesse da indústria de óleo e o aumento da demanda pelo produto no mercado internacional.
Até 1975 a produção brasileira de soja era realizada essencialmente com cultivares e técnicas importadas dos Estados Unidos e da Europa, onde as condições climáticas e o solo são completamente diferentes do Brasil.
No Rio Grande do Sul o cultivo começou por volta de 1914, porém, somente a partir da década de 40 a cultura intensificou-se e adquiriu importância econômica. Com o passar dos anos as técnicas de cultivo foram sendo aprimoradas e adaptadas a realidade local, possibilitando uma grande elevação na produção.
Hoje o estado é o quarto maior produtor de soja do Brasil,com 10,1% do total produzido no país, ficando atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás, segundo dados do IBGE.
Para a safra 2008/2009 a área plantada será cerca de 3,8 milhões de hectares(Emater/RS), com a estimativa de uma pequena oscilação negativa em relação a safra passada, cerca de 0,20%.
O grande problema quanto ao plantio da soja fica em torno da grande alta dos insumos, que nos últimos doze meses cresceram cerca de 106%, enquanto o preço do produto variou cerca de 35%(fonte:CEEMA). No mesmo período a cotação do dólar (moeda a qual os preços são atrelados no mercado internacional) caiu cerca de 18%.
As variações da moeda americana sempre foram à principal desculpa para a diminuição do preço do produto, bem como para o aumento do custo dos insumos, no entanto, como explicar este comportamento completamente reverso e desproporcional entre estas variáveis? Quais os reais motivos para essa exorbitante elevação dos custos de produção da soja?
Sabemos que atualmente os fertilizantes somam a maior parte do custo de produção e que o país importa praticamente tudo que consome, portanto, oscilações em seu preço tendem a impactar diretamente nos ganhos do produtor. Outro fator extremamente importante na formação do lucro agrícola fica por conta do preço, que sofre com as grandes oscilações no mercado nacional e internacional.
O preço dos fertilizantes está em uma crescente elevação no mercado mundial, as possíveis causas deste efeito estão relacionadas ao aumento da demanda mundial, pois países como a China e Índia estão apresentando uma elevação do consumo de alimentos, devido à elevação da renda nestes países, e suas áreas territoriais, mesmo sendo enormes, já não produzem o suficiente, tornando necessária uma aplicação maior de fertilizantes, visando aumentar a rentabilidade da área plantada. Também há o fato de que algumas jazidas de exploração de matérias-primas para fertilizantes foram inundadas, diminuindo a oferta. Outro fator passa pelo aumento das tarifas de exportação aplicadas pelos países produtores, como a Rússia, que impôs uma tarifa de 9%, visando proteger a sua indústria e suas reservas naturais, porém é difícil ser conclusivo nesta questão, pois não se sabe exatamente qual é o tamanho do lucro das empresas produtoras e distribuidoras de fertilizantes.
Quanto ao preço do produto, as grandes variações ficam por conta do mercado internacional, nem tanto pelo lado da produção ou quantidade produzia, mas sim pela especulação, ou seja, tem muita gente que nunca viu um pé de soja pela frente e negocia valores altíssimos no mercado mundial, visando arrecadar lucros com as altas e baixas do preço do produto, é a tal da globalização financeira.
Portanto, a única certeza que se pode ter é que a corda sempre arrebenta na ponta mais fraca, ou seja, no produtor, que além de enfrentar as intempéries climáticas, está à mercê dos produtores de insumos e das variações nos preços do produto, ou seja, o produtor não consegue sequer dominar o custo de produção, muito menos o preço final do seu produto.


Diogo Moacir Mattana[1]
Pamela Adriele Sperotto[2]




[1] Acadêmico do curso de Economia da Unijuí, Bolsista PIBEX e integrante do Grupo PET.
[2] Acadêmica do curso de Economia da Unijuí, integrante do Grupo PET.

Leia Mais?